Introdução
A morte de Alexandre III em
323 assinala, tradicionalmente, o fim da polis como modelo de unidade política
e o começo da difusão da cultura grega no Oriente. Nem mesmo a meteórica
expansão de Roma e a conquista das monarquias helenísticas foi capaz de afetar,
posteriormente, a predominância cultural do helenismo em todo o Mediterrâneo
Oriental.
Durante o conturbado Período
Helenístico, o homem deixou de ser o componente mais importante de uma
comunidade restrita para se tornar um simples cidadão de vastos impérios. A
perda da importância política individual fez muitos se dedicarem cada vez mais
à busca da felicidade pessoal através da religião, da magia ou da Filosofia.
As principais escolas
filosóficas do Período Helenístico foram o cinismo, o ceticismo, o epicurismo e
o estoicismo. Todas procuravam, basicamente, estabelecer um conjunto de
preceitos racionais para dirigir a vida de cada um e, através da ausência do
sofrimento, chegar à felicidade e ao bem-estar.
Das antigas escolas
filosóficas, a Academia envolveu-se durante algum tempo com o ceticismo, e
depois voltou ao caminho original, traçado por Platão; o Liceu, fundado por
Aristóteles, afastou-se cada vez mais da filosofia e da erudição e se devotou,
principalmente, à literatura.
O Período helenístico
caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a
cultura dos povos orientais conquistados. Substituiu-se a vida pública pela
vida privada como centro de reflexões filosóficas.
A reflexão política foi
abandonada pela Filosofia. Na filosofia
Greco-romana, que corresponde à fase militar de Roma, não houve grandes
novidades, pois o principais pensadores dedicaram-se basicamente à tarefa de
assimilar e desenvolver as contribuições culturais herdadas da Grécia Clássica.
As principais correntes
filosóficas desse período vão tratar da intimidade, e da vida interior do ser
humano. Entre as principais tendências desse período destaca-se o epicurismo, o
estoicismo, o pirronismo e o cinismo.
EPICURISMO: O PRAZER
O epicurismo, de Epicuro
(324-271 a.C.) – propunha a ideia de que o ser humano deve buscar o prazer da
vida. No entanto, distinguia, entre os prazeres, aqueles que são duradouros e
aqueles que acarretam dores e sofrimentos, pois o prazer estaria vinculado a
uma conduta virtuosa. Para Epicuro, o supremo prazer seria de natureza
intelectual e obtido mediante o domínio das paixões. Os epicuristas procuravam
a ataraxia, termo grego que usavam para designar o estado em que não havia dor,
de quietude, serenidade, imperturbabilidade da alma. O epicurismo,
posteriormente, serviu de base ao hedonismo, filosofia que também defende a
busca do prazer, mas que não diferencia os tipos de prazeres, tal como faz
Epicuro. Defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.
Epicuro defendia dois
grandes grupos de prazeres. O primeiro reúne os prazeres mais duradouros, que
encantam o espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes, a
audição da música etc. O segundo inclui os prazeres mais imediatos, muitos dos quais
são movidos pela explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor e
sofrimento.
Para desfrutar dos prazeres
do intelecto é necessário dominar os prazeres exagerados da paixão.
ESTOICISMO: O DEVER
O estoicismo, de Zenão de
Cício (334-262 a.C.) – os representantes desta escola, conhecidos como
estoicos, defendiam uma atitude de completa austeridade física e moral, baseada
na resistência do homem ante os sofrimentos e os males do mundo. Seu ideal de
vida, designado pelo termo grego apathéia (que costuma ser mal traduzido por
"apatia"), era alcançar uma serenidade diante dos acontecimentos
fundada na aceitação da "lei universal do cosmos", que rege toda a
vida. Fundado pelas ideias de Zenão de Cício, Defendiam a noção de que toda a
realidade existente é uma realidade racional.
O que chamamos de Deus, nada
mais é do que a fonte dos princípios racionais que regem a realidade.
Zenão propõe o dever,
vinculado à compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para a
felicidade.
CETICISMO: A SUSPENSÃO DO
JUÍZO
O ceticismo (pirronismo), de
Pirro de Élis (365-275 a.C.) - segundo suas teorias, nenhum conhecimento é
seguro, tudo é incerto. O pirronismo defendia que se deve contentar com as
aparências das coisas, desfrutar o imediato captado pelos sentidos e viver
feliz e em paz, em vez de se lançar à busca de uma verdade plena, pois seria
impossível ao homem saber se as coisas são efetivamente como aparecem. Assim, o
pirronismo é considerado uma forma de ceticismo, que professa a impossibilidade
do conhecimento, da obtenção da verdade absoluta.
Fundado a partir das ideias
de Pirro de Élis, foi uma corrente filosófica que defendia a ideia de que tudo
é incerto, nenhum conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser
contestado.
Desse modo, aceitando que
das coisas só se podem conhecer as aparências e desfrutando o imediato captado
pelos sentidos, as pessoas viveriam felizes e em paz.
CINISMO: ALÉM DAS CONVENÇÕES
O cinismo - o termo cinismo
vem do grego kynos, que significa "cão", e designa a corrente dos
filósofos que se propuseram a viver como os cães da cidade, sem qualquer
propriedade ou conforto. Levavam ao extremo a filosofia de Sócrates, segundo a
qual o homem deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens
materiais. Por isso Diógenes, o pensador mais destacado dessa escola, é
conhecido como o “Sócrates demente”, ou o “Sócrates louco”, pois questionava os
valores e as tradições sociais e procurava viver estritamente conforme os
princípios que considerava moralmente corretos. Sãos inúmeras as histórias e
acontecimentos na vida desse filósofo que o tornaram uma figura instigante da
história da filosofia.
Cínico, do grego kynicos,
significa “como um cão”. Designa assim a corrente dos filósofos que se propuseram
viver como os cães da cidade, sem qualquer propriedade e conforto.
Levavam ao extremo a tese
socrática de que o ser humano deve
procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais.
FONTES: (COTRIM, G.
Fundamentos da filosofia. São Paulo: Saraiva, 2005, pp.105-106) in
http://jaueras.blogspot.com.br/2010/01/as-quatro-escolas-do-helenismo.html
RESPONDA, NO BLOG, AS
QUESTÕES ABAIXO.
1. Caracterize, em termos gerais, a
filosofia desenvolvida depois do período clássico.
2. Confronte o epicurismo com o estoicismo,
destacando semelhanças e diferenças.
3. Por que o pirronismo é considerado uma
forma de ceticismo? De que maneira seu ceticismo definia o modo de vida que
propunha?
4. Explique a origem da palavra cinismo,
destacando sua relação com a corrente filosofia que denomina.