"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém [...]". (Carta do Apóstolo Paulo aos cristãos. Coríntios 6:12) Tudo posso, tudo quero, mas eu devo? Quero, mas não posso. Até posso, se burlar a regra; mas eu devo? Segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, ética é o conjunto de valores e princípios que [todos] usamos para definir as três grandes questões da vida, que são: QUERO, DEVO, POSSO. Tem coisas que eu quero, mas não posso. Tem coisas que eu posso, mas não devo. Tem coisas que eu devo, mas não quero. Cortella complementa "Quando temos paz de espírito? Temos paz de espírito quando aquilo que queremos é o que podemos e é o que devemos." (Cortella, 2009). Imagem Toscana, Itália.































segunda-feira, 28 de outubro de 2013

JOHN LOCKE E O LIBERALISMO


1. Introdução

John Locke (1632-1704) é considerado o pai do liberalismo político e cria as bases filosóficas para o liberalismo econômico fundado por Adam Smith. Segundo este o governo não deve interferir na esfera privada da sociedade inclusive na esfera do mercado. Locke influenciou com a sua filosofia na Revolução Gloriosa Inglesa e na revolução norte-americana que proclamou a Independência dos Estados Unidos. A constituição dos USA tem influência de suas ideias. Influenciou também filósofos iluministas franceses principalmente Voltaire e Montesquieu. Mas influenciou também Rousseau apesar das grandes diferenças entre eles.

2. Ideias principais:
 
2.1  O Homem no Estado de Natureza

  • Estado de Natureza: situação em que vivia o homem antes de qualquer organização social.

  • Opõe-se ao filósofo Aristóteles (381-322 a. c.) que afirma que a sociedade vem antes do indivíduo. Para Locke a existência do indivíduo é anterior à sociedade e ao Estado.

  • No Estado de Natureza os homens eram livres, iguais e independentes. Já eram dotados de razão e desfrutavam da propriedade que designava simultaneamente a vida, a liberdade e os bens como direitos naturais do ser humano.

  • A razão já existe neste estado natural orientando o homem: ela diz por exemplo: cada um é livre para dispor do seu corpo mas ninguém deve abusar dessa liberdade para prejudicar os demais ou seja, O MEU DIREITO TERMINA ONDE COMEÇA O DIREITO DO OUTRO. A razão também diz que não tem sentido atentar contra a liberdade dos outros pois no estado de natureza a terra e os seus frutos são abundantes e suficientes para todos.

  • Os homens poderiam viver harmoniosamente neste estado se não houvessem os criminosos, os transgressores, aqueles que não seguem o que determina a razão e são a causa do estado de guerra entre os homens.

  • Neste estado de guerra todos os que seguem a razão tem o direito de castigar o criminoso inclusive com a pena de morte. Nesta situação a paz não pode ser alcançada por um acordo mas somente pela rendição do criminoso e pela reparação dos danos causados. A guerra só termina quando o último dos criminosos for castigado.

  • Mas na prática isto perpetua o estado de guerra pois não há garantia de que o criminoso não ressurja, o castigo não impede a reincidência do criminoso. Além disso, em um estado em que todos são juízes e executores da lei em causa própria, como evitar o julgamento parcial, as sentenças e os castigos excessivos?

  • Há o perigo também da miséria e da fome, sempre presentes. É a falta de alimentos em certo estágio do estado de natureza que leva o homem a mudar seu procedimento mais solidário levando-o a ser individualista e preocupado com a acumulação. Isto propicia as trocas, a propriedade privada e o aparecimento do dinheiro. Mas também leva às disputas e às lutas gerando estado de guerra entre os homens.

  • Devido a todos esses inconvenientes os homens se unem e estabelecem livremente entre si o contrato social que realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil, único estado onde o homem pode ser efetivamente livre podendo preservar a si mesmo e à sua propriedade.

2.2  O Contrato Social

  • É um pacto de consentimento em que os homens concordam livremente em fundar a sociedade civil para preservarem e consolidarem ainda mais os direitos que possuem no estado de natureza. Através deste pacto os indivíduos aceitam limitar sua liberdade, seu poder de fazer justiça com as próprias mãos, em troca da preservação da sua propriedade.

  • Estabelecido o estado civil o passo seguinte é a escolha pela comunidade de uma determinada forma de governo.

  • Qual? Para Locke pode ser de um só indivíduo ou de vários, mas o que importa é a sua finalidade: a de concentrar para si todo o direito de julgar e de castigar os criminosos de modo a assegurar para toda a comunidade e para cada um de seus membros a segurança, o conforto e paz. Tem a finalidade de conservar a propriedade, a vida, bens, liberdade.

  • O poder político é uma espécie de depósito confiado por proprietários a outros proprietários. Por isso ele nunca é ilimitado.

  • No pacto social deve prevalecer a vontade da maioria. (Para Locke a vontade da maioria é algo essencial para a democracia e para a garantia do interesse público)

  • Para evitar o absolutismo no poder propõe a sua divisão em três partes: Poder legislativo, poder executivo e poder federativo (= encarregado das relações exteriores como guerra, paz, alianças e tratados)

  • Cabe à maioria escolher o poder legislativo que é superior tanto ao poder executivo como ao federativo. O poder do governante (que exerce o poder executivo) é limitado. (observação: com isto Locke se coloca na sua época contra o poder absoluto dos reis)

  • Se o poder político origina-se de um consentimento, este ao contrário da renúncia não confere poderes ilimitados a ninguém. Exige-se sempre uma concordância entre o que foi estabelecido e o que, efetivamente, é feito. A liberdade que existia no estado de Natureza continua com uma diferença: no estado de natureza as limitações individuais eram trazidas pela razão ("o meu direito termina onde começa o do outro"), no estado civil são instituídas pela lei. - Se o governo deixa de cumprir o fim ao qual foi destinado tornando-se ilegal e tirano há o DIREITO DE REBELIÃO E RESISTÊNCIA. Nesta situação instaurando-se um estado de guerra entra-se no estado natural e de acordo com as características desse estado, onde não existe um árbitro comum, os homens tem o direito de resistir e de lutar contra o poder tirano usando a força. (Observação: esta rebelião está prevista na Constituição dos Estados Unidos). O direito do povo à resistência é legítimo tanto para defender-se da opressão de um governo tirânico como para libertar-se do domínio de uma nação estrangeira.

  • Mas diferentemente de Rousseau, Locke não propõe a participação política constante mesmo quando advoga o direito de voto. Para ele, essa participação só tem sentido em momentos de crise quando os direitos naturais estão ameaçados. Além disto se são os cidadãos aqueles que promovem o pacto social nem todos são considerados cidadãos como as mulheres e os escravos.

  • É o Parlamento (poder legislativo) que resolve e legisla sobre as questões de caráter público. Ele é a expressão da DEMOCRACIA REPRESENTATIVA. Aos cidadãos compete cuidar de suas próprias vidas.

  • Locke enfatiza a necessidade de leis que impeçam privilégios pessoais e garantam a propriedade como um direito natural. "O discurso de Locke sobre a autoridade paterna serve para dizer o que o Estado não pode ser: patriarcal." Esse tipo de governo, próprio das monarquias, "impede que os governados cresçam: como filhos, considera-os sempre imaturos, incapazes de exercer sua própria liberdade e autonomia. Pior ainda, os governados não só aceitam esse estado de coisas, como se habituam e ficam sempre esperando ordens pela vida afora. No Estado político, a autoridade daquele que governa só é legítima se obtiver o consentimento dos governados, diferindo assim da autoridade do pai e do déspota, cujos poderes não resultam de um pacto." (Do Livro: "Cidadania, uma questão para a educação, Nilda Teves Ferreira, Ed. Nova Fronteira, 1993)

Segundo Locke: "Que pacto pode fazer um homem que não é senhor de sua vida?" (Observação: Mas nós diríamos, criticando-o, que para ser senhor de sua vida, o indivíduo precisa de condições objetivas para viver e não apenas de condições formais, como por exemplo, a igualdade perante a lei. Esta formalidade, este idealismo, é próprio do liberalismo ortodoxo desde John Locke. "Desaparecem as contradições reais, e os conflitos são considerados passíveis de ser eliminados pelo progresso ou pela luta jurídica", não há a consideração da luta de classes. "A crítica de Marx à concepção liberal de Estado se prende ao fato de que as lutas que se travam ano interior deste - seja em relação às formas de governo, seja em torno dos direitos políticos - ocultam interesses antagônicos das diferentes classes sociais" (op. cit. pág. 94, 95)

  • Locke retira a religião do âmbito do Estado. O Estado não pode interferir em questões religiosas nem a religião em questões próprias do Estado. A concepção política é extremamente secularizada. Diz ele: "Toda a jurisdição do magistrado diz respeito somente a esses bens civis (Observação do prof. Laerte: esses bens são a vida, a liberdade, a saúde física, dinheiro, etc...) ... e que não deve e não pode ser de modo algum estendido à salvação das almas...." (Carta acerca da Tolerância, Coleção "Os Pensadores", Editora Abril, pág. 5, ano 1978). Ao mesmo tempo prega a tolerância religiosa em uma época marcada pela intolerância. Segundo ele: "A tolerância para os defensores de opiniões opostas acerca de temas religiosos está tão de acordo com o Evangelho e com a razão que parece monstruosos que os homens sejam cegos diante de uma luz tão clara". (op. cit. pág. 4) "... "Apelo à consciência dos que perseguem, atormentam, destroem e matam outros homens em nome da religião, se o fazem por amizade e bondade. E, então, certamente, e unicamente então, acreditarei que o fazem, quando vir tais fanáticos castigarem de modo semelhante seus amigos e familiares, que claramente pecaram contra preceitos do Evangelho..." (op. cit. pág. 3)

  • Em relação às guerras Locke admite a chamada guerra justa mas afirma que o governo de um país que conquista outro em uma guerra justa tem direito sobre a vida dos que lutaram contra ele mas não sobre as propriedades deles e muito menos daqueles que não lutaram contra ele. Além disso segundo Locke: "... o conquistador não tem direito a domínio sobre os que a ele se juntaram na guerra e sobre os que a ele não se opuseram no país dominado, bem como sobe a posteridade dos que assim o fizeram, mesmo em uma guerra justa; todos estão livres de qualquer sujeição a ele, e, se o governo primitivo for dissolvido, ficam em liberdade para dar início a um novo, instituindo-o de per si." ("Segundo Tratado sobre o Governo", pág. 108, Coleção "Os Pensadores", Ed. Abril, ano 1978)

2.3 Locke e a questão da propriedade

  • A ideia de Locke quanto ao que determina o valor da mercadoria que é o TRABALHO pode ser considerada como precursora da teoria do valor-trabalho, desenvolvida por Adam Smith e Ricardo, economistas ingleses do século XVIII. Esta teoria foi aproveitada e transformada por Karl Marx no século XIX.

  • Para Locke a propriedade já existe no estado de natureza através da propriedade do corpo e do trabalho de cada indivíduo. Sendo uma instituição que precede a sociedade é um DIREITO NATURAL do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado.

  • Por isso, para Locke, a propriedade propriamente dita, em sentido estrito como a posse de bens móveis ou imóveis (como a propriedade da terra) vai ser justificada tendo como base a propriedade do corpo e do trabalho. Ou seja, a propriedade será a extensão da posse de si mesmo, da propriedade do corpo.

  • Como justificar por exemplo a propriedade privada sobre um pedaço de terra se Deus deu a terra em comum a todos os homens? Locke a justifica através do TRABALHO. Ao incorporar seu trabalho (= energia que vem do corpo e do qual cada indivíduo é proprietário) à matéria bruta que se encontrava em estado natural o homem torna-a sua propriedade privada excluindo dela todos os outros homens. "Sem nenhuma dúvida, todo mundo é proprietário de sua própria pessoa e, em consequência disso, do trabalho de suas mãos. O trabalho é comparável a uma substância separável do corpo do indivíduo, que pode ser misturada com o objeto natural trabalhado. Através dessa mistura da substância trabalho, que é propriedade do trabalhador, torna-se também o produto do trabalho propriedade do proprietário do trabalho." (Manfredo Araújo de Oliveira, in Ética e Sociabilidade, edições Loyola, 1993, pág. 121). O TRABALHO se torna pois o fundamento da propriedade privada.

  • No estado de natureza a propriedade era limitada. O limite era fixado pela capacidade de trabalho do ser humano e pelo atendimento de suas necessidades possibilitando para os outros também a posse de bens. Porém o aparecimento do dinheiro possibilitou as trocas e por consequência o comércio e a partir daí foi possível a acumulação de dinheiro e terra e a propriedade passa a ser ilimitada. Isto gerou conflitos, disputas e lutas pois inventando o dinheiro os homens aceitam a posse da existência desigual dos bens. Estabelece-se pois o estado de guerra. Não tendo segurança os homens resolvem se unir em um pacto social e estabelecer, como já foi dito anteriormente, o contrato social pelo qual preservariam a suas propriedades através da segurança dada pelo Estado. Mas é esta propriedade fundamentalmente desigual da fase final do estado e natureza que deve ser mantida? Locke é ambíguo, nada fala sobre a divisão equitativa dos bens ou sobre a regulação da propriedade dos bens materiais.
Fontes:
 
 
QUESTÕES
 
 1. (UFU-2005)"A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem em segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente das propriedades que tiverem e desfrutando de maior proteção contra quem quer que não faça parte dela. Qualquer número de homens pode fazê-lo, porque não prejudica a liberdade dos demais; ficam como estavam no estado de natureza".
(LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o governo civil. - Col. Os Pensadores, Abril Cultural, 1978)
Explicite, conforme o pensamento de Locke, a concepção do contrato social e a concepção de poder que dele resulta.

2. (UFU-2000) "Não é necessário, tampouco conveniente, que o poder legislativo esteja sempre reunido; mas é absolutamente necessário que o poder executivo seja permanente, visto como nem sempre há necessidade de elaborar novas leis, mas sempre existe a necessidade de executar as que foram feitas".
(LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o governo civil. Col. Os Pensadores, Abril Cultura, 1978)
Segundo Locke (1632-1704), qual a relação que existe entre os poderes executivo e legislativo, decorrente do tipo de soberania existente no contrato?

FRANCIS BACON E A CRÍTICA AOS IDOLOS


 
Em meados dos séculos XVI e XVII no reinado da Rainha Elizabeth I, a Inglaterra passava por um período de mineração e industrialização. E neste mesmo período nascia um dos mais célebres filósofos ingleses, Francis Bacon. Tendo exercido um significativo papel na vida política daquela sociedade, conseguiu o título de conselheiro da Coroa.  Mas também eram muitos os inimigos que o cercavam, e quando lhe foi tomado o poder em virtude de acusações políticas, seu trabalho intelectual se tornou mais intenso.  Dedicando-se a suas experiências, no inverno de 1626 recheava uma galinha com neve para saber quanto tempo o frio conservaria a carne, mas não resistiu o rigoroso frio e acabou falecendo com bronquite.
Em sua teoria do conhecimento, Francis Bacon propõe um novo método indutivo, o qual ofereceu uma profunda contribuição aos métodos de investigação da natureza.
Além das contundentes críticas aos filósofos clássicos, rompeu com uma tradição filosófica de mais de dois mil anos e com a religião da época.  Acreditava numa filosofia que favorecesse a humanidade com seus métodos experimentais, era totalmente a favor de ciência moderna que libertasse o homem de seus ídolos.
Bacon denominou ídolos as falsas noções que bloqueiam a mente e invadem o intelecto humano impossibilitando o acesso à verdade e gera dificuldades em relação às ciências, quando não os combatemos. [Marx chamaria de questões ideológicas]. Em sua teoria, os ídolos se classificam em quatro categorias: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos da foro e ídolos do teatro.
Os ídolos da tribo são aqueles que se apoderam da própria natureza humana e não levam em conta o aprendizado sobre o universo, produzem uma certa espécie de superstição. Podemos dizer que ele tem sua origem nas ações humanas, nas limitações, preconceitos, sentimentos, incompetência. Um exemplo é a falsa ciência da cabala de sua época que imaginava uma realidade não inexistente numérica e os alquimistas que pensavam na atividade da natureza como na atividade humana, encontrando amor e ódio pelos fenômenos.  Ou também eles podem ser como um espelho que capta uma imagem de raio e a transmite de outra forma.
Os ídolos da caverna fazem uma alusão à alegoria da caverna de Platão. Para o autor,  cada um tem a sua própria caverna, tem os seu jeito próprio de interpretar a natureza, todos os indivíduos veem sua própria luz por ângulos diferentes e cometem erros diversos.  Com isso a luz da natureza entra em choque com a luz humana, pois cada um tem os seus ídolos da educação, do esporte, da cultura, da autoridade e daqueles que honra e admira a diversidade das falsas verdades que vão ocupando o intelecto humano.
Os ídolos do foro ou do mercado podem ser um dos mais incômodos, pois podem invadir o intelecto através das palavras. São aqueles erros encontrados nas palavras ou nos discursos humanos quando o diálogo sai ao contrário ou a palavra é distorcida pelos homens “sábios” que usam de suas oratórias para enfatizar o discurso.  Segundo Bacon, “as palavras cometem uma grande violência ao intelecto e perturbam os raciocínios, arrastando os homens a inumeráveis controvérsias e vãs considerações” (REALE, 1990, p.339).
Os ídolos do teatro são aquelas teorias que não têm harmonia com a natureza humana ou obras filosóficas que se consagraram figurando mundos fictícios, como aquelas que encontramos na filosofia antiga ou nas tradições religiosas.  Bacon acusa Aristóteles de ter sido um dos piores sofistas e Platão de ter confundido filosofia com teologia.
Para expulsá-los é preciso ter conhecimento dos mesmos a fim de expurgá-los da mente, além de conhecer um novo método. É a verdadeira indução o método proposto, pelo qual o homem poderia construir uma nova ciência capaz de interpretar corretamente a natureza e realizar os anseios do espírito moderno.

 
Referências
BACON, Francis. Novum Organum. 2.ed. Trad. José Aloísio Reis de Andrade. São Paulo: Abril cultural, 1979. (Os Pensadores)
REALE, Geovani. Historia da Filosofia. vol.II. São Paulo: Paulinas, 1990.
 
 
 
Francis Bacon é um filósofo de uma tradição platônica, que divide o real e o aparente. Porém, a partir de Bacon, o real e o aparente ganham a ideia de real e ideológico, sendo que o ideológico é o aparente necessário. Aquilo que o indivíduo vê, se engana, porque não é o real, mas não pode escapar porque ele faz parte da sua visão, ou seja, a visão do indivíduo é necessariamente deturpada. No começo da modernidade, em sua obra “O parto masculino do tempo, Bacon faz uma crítica ácida aos filósofos antigos renascentistas e escolásticos. Segundo ele, todos estes não se ocuparam do ponto central da filosofia que é considerar o ser humano como um ser racional. Em seu método, Bacon irá considerar que existem dois princípios de formulação do conhecimento. O primeiro deles é a antecipação da natureza, ou seja, a natureza imprimi sobre o indivíduo cognoscente, formas perceptivas que segundo ele se agarram à razão. É nesse momento que entra a centralidade do método que se chama “As interpretações da natureza”.  A partir dessas interpretações seguem-se duas linhas: a Pars Destruens, que é a eliminação de fenômenos desinteressantes ao conhecimento proposto e a Pars Construens, ou seja, as considerações do cientista ou filósofo sobre esse novo conhecimento. O objetivo da Pars Destruens é eliminar as Idolas, doutrina que Bacon formula para justificar aquilo que tem que ser eliminado do conhecimento para que este seja verdadeiro no processo indutivo e que Marx irá denominar de questões ideológicas. Existem, portanto, quatro tipos de Idolas: as Idolas da Tribo, as Idolas da Caverna, as Idolas do Foro e as Idolas e as Idolas do Teatro.
 
Cognoscente:
1. Que conhece, que toma conhecimento: O conhecimento reside na mente do sujeito cognoscente.

2. Sujeito cognoscente: O cognoscente tem autonomia no processo de construção de seu conhecimento.
[F.: Do lat. cognoscens, entis, part. presente de cognoscere 'conhecer, tomar conhecimento
 
QUESTÃO:
Faça uma análise crítica e interpretativa, a partir do texto, sobre cada uma das Idolas que Bacon aponta que precisam ser eliminadas do conhecimento, para que o cientista veja a realidade nua e crua, como ela é e não como ela aparenta ser.
 

domingo, 12 de maio de 2013

RELIGIÕES E FILOSOFIAS ORIENTAIS

Colégio Ser! Sorocaba
Atividade do A.P.E. trimestral - HISTÓRIA
6ºs anos (Machado de Assis e Maurício de Sousa)
Prof.ª Marilia C. C. Coltri


RELIGIÕES E FILOSOFIAS ORIENTAIS
 
 
BUDISMO
 
 
Por Eliene Percília
Equipe Brasil Escola
 
É uma religião e filosofia fundamentada nos ensinamentos de Buda, e tem aproximadamente 2.500 anos. Ela tenta condicionar a mente de maneira a levá-la à paz, sabedoria, alegria, serenidade e liberdade. O budismo tem por objetivo trabalhar o espiritual do homem, pois um espírito sadio significa um corpo saudável.
 
 
 
 
Quem foi Buda?
 
Siddharta Gautama, o Buda, nasceu no século VI a.C., em Kapilavastu, norte da Índia, que hoje corresponde ao Nepal. Ele era um príncipe que, logo após seu nascimento, foi levado pelos seus pais ao templo para ser apresentado aos sacerdotes. Lá surgiu um senhor sábio que havia dedicado sua vida toda à meditação longe da cidade; ele tomou o menino em suas mãos e profetizou "este menino será grande entre os grandes. Será um poderoso rei ou um mestre espiritual que ajudará a humanidade a se libertar de seus sofrimentos". Após essa profecia, os pais de Siddharta resolveram criar o filho superprotegido para que ele não optasse por estudos filosóficos como foi profetizado. Aos dezesseis anos, ele se casou com sua bela prima Yasodhara; desse relacionamento nasceu seu único filho, Rahula. Contudo, sempre se mostrou curioso com a vida fora dos portões do palácio, por fim, em um belo dia, decidiu descobrir o que havia do outro lado. Siddharta se chocou com a realidade de seu povo e, aos 29 anos, decidiu buscar uma solução para aquilo que afligia seu coração: o sofrimento humano. Abriu mão de sua família e foi em busca de uma resposta. Foi nesse caminho que ele se tornou Buda, o iluminado.
Fundou a doutrina budista, cujo principal conceito é de que as respostas do homem se encontram em seu interior.
 
 
 
HINDUÍSMO
 
Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola
 
 


 
O hinduísmo é considerado uma filosofia de ordem religiosa que engloba tradições culturais, valores e crenças obtidas através de diferentes povos. Passando por constantes adaptações até chegar ao que se conhece hoje, o Hinduísmo foi dividido em fases para melhor apresentar sua história.
Na primeira fase, chamada de Hinduísmo Védico, cultuava-se deuses tribais como Dyaus (deus do céu, deus supremo) que gerou outros deuses. Na segunda fase, a partir de adaptações de outras religiões, surgiu o Hinduísmo Bramânico que cultuava a trindade composta por Brahma (divindade da alma universal), Vishnu (divindade preservadora) e Shiva (divindade destruidora).
Na terceira fase percebem-se diferentes adaptações influenciadas por religiões a partir do cristianismo, islamismo e outras. O Hinduísmo Híbrido surgiu então como a agregação de diversas influências.
 
 
 
 
 
Para os hindus:
- A trajetória que a alma terá é traçada de acordo com as ações praticadas aqui na Terra (lei do Carma);
- A libertação final da alma (moksha) determina o fim do ciclo da morte e do renascimento;
- Os rituais hindus devem ser feitos sempre tendo a meditação (darshan) e a oferenda aos deuses (puja);
- A alimentação deve ser vegetariana, pois considera-se a utilização da carne na alimentação como uma prática impura;
- As preces cantadas (mantras) devem ser dedicadas a todos os deuses;
- O OM (aum) é o mantra mais importante, pois representa Deus;
- Shiva representa o princípio masculino enquanto o princípio feminino é representado por suas esposas Parvati (mãe), Durga (deusa da beleza), Kali (senhora da destruição) e Lakshmi (senhora da arte e da criatividade). 


 
TAOÍSMO
 
 
Equipe Brasil Escola
 
 
Lao Tsé
 


O taoísmo é uma religião de filosofia chinesa; baseia-se no sistema politeísta e filosófico, de crenças parecidas com os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como: culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e magia. 

O taoísmo surgiu no século II e incorporou alguns dos elementos religiosos mais antigos da China.  Da observação das leis da natureza, os mestres do taoísmo concluíram que tudo possui uma identidade, que vem de uma única fonte, o Tao. O significado dessa palavra chinesa é “caminho, trilha, estrada”. O Tao é o principal conceito do Taoísmo.
 


A libertação plena da alma estaria no retorno do homem ao Tao.
Alguns caminhos para isso seriam a meditação, a vida em harmonia e o desapego do mundo material.
Os Taoístas acreditam também na essência de todas as coisas. Além disso, existem no Taoísmo duas forças, o yin e o yang.
 
 
 
 
 
XINTOÍSMO
 
 
Equipe Brasil Escola
 
 
 
A tradição do xintoísmo foi criada antes do budismo e ganhou força no Japão no século VI.
Conjunto de ritos e mitos que explicam a origem do mundo, do Japão e da família imperial japonesa.
Originalmente, o xintoísmo não possuía nome, doutrina, nem dogmas. Depois de sete gerações de divindades nascidas do próprio Cosmo, surgiu enfim o último casal; Izanagi e Izanami, que desempenhava na xintoísta, o papel da criação. Os dois se uniram como macho e fêmea; e do corpo de Izanami nasceram as oito ilhas que compõem o território do Japão.
 
 
 
O termo xinto quer dizer “caminhos dos deuses”. O xintoísmo é a religião nacional do Japão, que se constitui de crenças e práticas religiosas de tipo animista. Ao contrário da maior parte dos credos contemporâneos, xintó não possui um fundador específico como livro sagrado, dogmas ou código moral.
No Japão, a religião permaneceu oficial de 1868 a 1946. Com a derrota japonesa na segunda Guerra Mundial, o imperador Hiroíto renunciou ao caráter divino atribuído à realeza pelo xintoísmo e a nova Constituição do país passou a defender a liberdade religiosa para todos os japoneses.
O Kashikodokoro é um santuário do palácio imperial de Tóquio. No santuário ocorre homenagem aos antepassados.
O Kashikodokoro constitui, no Japão moderno, o centro onde se preservam as remotas tradições do xintoísmo.

CONFUCIONISMO
 
 Por Felipe Araújo
 
 
O Confucionismo é a ideologia religiosa e sociopolítica de Koung Fou Tseu, que tem seu nome grafado em língua latina como Confúcio. Entre os princípios do Confucionismo, o principal é conhecido pelos povos orientais como junchaio, que são considerados os ensinamentos dos sábios. Este princípio é o que define o Tao (caminho superior), uma maneira de ter uma vida equilibrada, satisfazendo as vontades do céu e da terra.

Além de filósofo, Confúcio também foi um mantra para seu povo. Nele, as pessoas buscavam um modelo de comportamento e respostas para seus anseios. A filosofia do pensador chinês fazia uma fusão com outros cultos religiosos da antiguidade chinesa, inclusive os que lidam com deuses e imortais, fazendo nascer uma forma de sincretismo de religiões.
A doutrina do Confucionismo durou na China aproximadamente dois mil anos, indo do século II ao século XX com milhões de adeptos. Além da forte presença na China a religião de Confúcio também tem diversos adeptos no Japão, Cingapura e Coréia do Sul.
 
As ideias pregadas no Confucionismo são bastante diferentes das encontradas nas religiões tradicionais do Ocidente. Na filosofia de Confúcio não há um Deus, uma unidade criadora e muito menos templos ou igrejas.
Sua doutrina fundamenta-se na busca pelo Tao, a harmonia da vida e do mundo. Para atingir o Tao, o Confucionismo coloca a família como base de uma sociedade em que todos os seres humanos vivem em harmonia. Esta família começa nos governantes, que devem amar o povo como verdadeiros pais, e termina nos súditos, que tem o dever de ser obedientes e humildes como filhos.
Outra das características presentes no Confucionismo é o culto aos antepassados. Para Confúcio, os seres humanos são formados por quatro dimensões:
  1. O Eu
  2. A Comunidade
  3. A Natureza
  4. O Céu



Além disso, prega que os seres humanos tem que possuir cinco virtudes essenciais que são:
  1. Amar o próximo
  2. Ser justo
  3. Ter comportamento adequado
  4. Ter consciência da vontade dos céus
  5. Cultivar a sabedoria e a sinceridade
Compiladas em cinco obras, as ideias de Confúcio e suas doutrinas podem ser encontradas nos livros que são denominados Os Cinco Clássicos: Shu Ching; Shih Ching; Li Ching; Chun-Chiu e o I Ching.
Entre os diversos ritos tradicionais do confucionismo estão reverência e culto aos antepassados e oferendas aos mortos. Na parte da família, o casamento é valorizado como uma forma de continuação da tradição.
 

 
 
 

Atividade do A.P.E. Trimestral:
Faça uma análise do conteúdo sobre as religiões e filosofias orientais que estudamos em sala e redija um comentário de, no mínimo, 15 linhas, ressaltando aspectos que você julga importantes.

NÃO ESQUEÇA A SUA IDENTIFICAÇÃO;
NOME, SÉRIE E TURMA, COLÉGIO SER! SOROCABA.
 
O prazo para postagem da atividade vai até o dia 15/05/13.
 
 
Bom Trabalho!!!
Prof.ª Marilia C. C. Coltri.
 

sábado, 11 de maio de 2013

A ESTRUTURA DO SISTEMA FEUDAL

Colégio Ser! - Sorocaba
Atividade do A.P.E. Trimestral - HISTÓRIA

7ºs anos (Clarice Lispector e Monteiro Lobato)

Prof.ª Marilia C. C. Coltri

 
A ESTRUTURA DO SISTEMA FEUDAL
 
 

 
No final do século IX têm-se novas invasões na Europa Ocidental, trata-se dos vikings (ou normandos, no norte), húngaros (no leste) e dos sarracenos (na península Ibérica e parte da península Itálica).

A fragilidade político-militar ocasionadas com as invasões fez com que a população buscasse refugio em suas unidades territoriais agrárias, num processo que vinha se intensificando desde as épocas das primeiras invasões bárbaras no Império Romano, ainda no século IV. A população das cidades, igualmente aterrorizada, buscava a proteção desses senhores, fortalecendo os laços de dependência entre esses nobres e um crescente contingente de dependentes.

Aqui, podemos perceber uma das principais características do sistema feudal, qual seja a substituição da mão-de-obra escrava – típica do Império Romano, que por longo empo continuará coexistindo – para a utilização da mão-de-obra caracterizada pelos laços entre os indivíduos, ou seja, por relações servis, que subordinavam a população rural que procurava segurança aos senhores feudais. O senhor feudal tinha o poder de julgar e punir a população que vivia em suas terras aos vassalos.

Temos que ter em perspectiva que o embrião do sistema feudal já existia na época do Império Romano, por meio do sistema de colonato, onde trabalhadores rurais arrendavam uma porção de terras de nobres romanos sob a condição de destinar parte da produção como forma de pagamento. Essa mesma base foi ganhando forma no Império Carolíngio com as doações (beneficiaum) de terras (dominiaum).

Além das relações servis, o feudalismo tem como uma de suas principais características a ruralização, ou seja, a vida girava em torno da atividade agrícola, onde a unidade agrária, ou feudo, assumia um papel de destaque. O feudo caracterizava-se por uma extensão de terras de um nobre dividido essencialmente em três partes. Uma era explorada diretamente pelo proprietário (o manso ou reserva senhorial), onde ficavam a casa do senhor (às vezes um castelo) oficinas, celeiros estábulos, pastagens, bosques e terras para plantio. Essa unidade correspondia em geral à metade dos domínios do senhor. A outra metade era dividida entre em porções de territórios que eram exploradas pelos servos, então denominada manso servil. Poderiam existir ainda territórios de utilização comunal, como pastos e bosques, que eram denominados mansos comunais. 

 
 
Como contrapartida para o usufruto hereditário do manso, os camponeses tinham que entregar ao senhor feudal uma parcela do que produziam no feudo, além de prestar serviços nas reservas senhoriais. Nesse sentido, o manso tinha a dupla importância de efetivar a ligação de dependência entre o senhor feudal e seus servos e proporcionar recursos para a sobrevivência dos camponeses habilitando-os para trabalhar nas reservas senhoriais.

Para entender o conjunto de relações que giravam em torno do feudo, devemos ter em perspectiva que durante o período feudal não havia um poder político ou um estado centralizado, nesse sentido, podemos dizer que o poder era descentralizado. Não obstante, a influência das invasões germânicas introduziu a fidelidade pessoal nas relações de poder e entre indivíduos.

Por meio dessa relação de fidelidade e lealdade os senhores feudais, ou suseranos (o maior de todos os suseranos era o rei) concedia benefícios para os seus vassalos. Um rei, por exemplo, poderia conceder um feudo para um senhor feudal, que se tornaria seu vassalo. Esse senhor feudal, por sua vez, poderia dar continuidade a relação de vassalagem dando proteção e parcelas de terras para outros nobres de menor importância, que se tornariam seus vassalos.

Podemos perceber que essa situação ajudou a consolidar o poder local dos senhores feudal, na medida em que como contrapartida ao feudo que recebiam de seu suserano (que poderia ser um rei) se comprometia em dar apoio militar e o que poderia chamar muito grosseiramente de apoio logístico (hospedagem e armas e cavalos, por exemplo). O que importa ressaltar é que se trata, sobremaneira, de laços militares. Ao mesmo tempo, é possível perceber que quanto maior o número de vassalos, maior era o poder de um suserano.

A cerimonia que afirmava os laços entre vassalo e suserano era chamada de homenagem, sendo composta de duas partes: o juramente e a investidura. O vassalo declarava sua fidelidade ao suserano, selando o pacto com um beijo. Em seguida jurava auxilio militar e em caso de necessidade, financeira para o suserano. Na sequencia, por meio da investidura, o vassalo recebia o feudo. Somente os cavaleiros poderiam prestar vassalagem a outro nobre, na medida em que se tratava de um trato entre iguais. 

 
 
Como é obvio constatar, com todo o processo de ruralização e a crescente importância dos senhores feudais a terra passou a ser a principal fonte de riqueza com preponderância da atividade agrícola. A produtividade era muito baixa, e o camponês ficava com apenas algo em torno de 20% do que produzia. Quase tudo que o feudo precisava era produzido no próprio feudo, que apesar de não ser autossuficiente era auto subsistente, ou seja, poderia sobreviver por conta própria. Contudo, havia comércio entre determinadas regiões, entre feudos, por meio de feiras, e até mesmo de produtos que não existiam em determinadas regiões – como o sal e mercadorias de luxo, (essa consumida fica evidente, por algumas poucas pessoas).

As características da sociedade feudal (economia agrária, poder descentralizado e laços vassálicos) originaram um modelo tripartido da sociedade em três ordens que seriam naturais, complementares e consideradas fruto da vontade divina. Nessa divisão o clero teria a incumbência de rezar (e salvar as almas, missão deveras importante); aos nobres ficaria reservada a arte da guerra e o dever de resguardar a cristandade (e seus interesses particulares); por fim, aos servos, ficaria a árduo dever do trabalho. A ideia da ordem tripartida, legitimada pela igreja preza pela complementaridade, nesse sentido, cada uma das classes teria seu lugar bem definido e todas deveriam cumprir suas funções para o natural funcionamento da sociedade. 


 

Esse modelo tripartido da sociedade evidencia o fato de praticamente não existir mobilidade social. No caso dos servos, por exemplo, mesmo que o feudo mudasse de dono, os camponeses continuariam vinculados a terra e às suas obrigações, agora com o novo senhor.

Entre as principais obrigações dos servos estavam:

  • Talha – Parte do que era produzido no manso deveria ser entregue ao senhor feudal.
  • Corveia – Trabalho compulsório nas reservas senhoriais em alguns dias da semana.
  • Banalidade – Cobrança pelo uso obrigatório das instalações e instrumentos do feudo, como pontes, moinho, celeiro.
  • Tostão de Pedro – 10% da produção do servo deveríamos ser pagas a Igreja.
  • Taxa de Justiça – Servos e os vilões (camponeses não vinculados ao feudo) deviam pagar para serem julgados no tribunal do nobre.
  • Formariage – Taxa paga quando o servo ou o nobre se casava para ajudar nas despesas do casamento.
  • Mão Morta – Pagamento de uma taxa para permanecer no feudo quando o chefe da família morria.
Fonte: http://imagohistoria.blogspot.com.br/search/?q=feudalismo&x=32&y=13

Atividade do A.P.E. Trimestral:
Faça uma análise do conteúdo sobre a Estrutura do Sistema Feudal e redija um comentário de, no mínimo, 15 linhas, ressaltando aspectos importantes abaixo relacionados, entre outros:
 
- Base da economia;
- Servidão ou escravidão?
- O domínio da Igreja Católica Apostólica Romana;
- As taxas feudais.


NÃO ESQUEÇA A SUA IDENTIFICAÇÃO;
NOME, SÉRIE E TURMA, COLÉGIO SER! SOROCABA.
 
O prazo para postagem da atividade vai até o dia 15/05/13.
 

Bom Trabalho!!!
Prof.ª Marilia C. C. Coltri.
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

REVOLUÇÃO FRANCESA

Colégio Ser! - Sorocaba
Atividade do A.P.E. Trimestral - HISTÓRIA

8ºs anos (Carlos Drummond de Andrade e Pedro Bandeira)
Prof.ª.ª Marilia C. C. Coltri
 
 
 
REVOLUÇÃO FRANCESA
 
 
 
Por Cristiana Gomes
 
 
Pode se dizer que a Revolução Francesa teve relevante papel nas bases da sociedade de uma época, além de ter sido um marco divisório da história dando início à idade contemporânea.
 
Foi um acontecimento tão importante que seus ideais influenciaram vários movimentos ao redor do mundo, dentre eles, a nossa Inconfidência Mineira. 
 

Esse movimento teve a participação de vários grupos sociais: pobres, desempregados, pequenos comerciantes, camponeses (estes, tinham que pagar tributos à Nobreza e ao Clero).

Em 1789, a população da França era a maior do mundo, e era dividida em três estados: clero (1º estado), nobreza (2º estado) e povo (3º estado).

 

 

 
CLERO - Alto Clero (papa, cardeais, bispos, abades e cônicos);
- Baixo Clero (sacerdotes pobres).
 
NOBREZA - Nobreza cortesã (moradores do Palácio de Versalhes);
- Nobreza provincial (grupo empobrecido que vivia no interior);
- Nobreza de Toga (burgueses ricos que compravam títulos de nobreza e cargos políticos e administrativos).
 
POVO
- Camponeses;
- Grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e comerciantes);
- Média burguesia (profissionais liberais);
- Pequena burguesia (artesãos e comerciantes);
- Sans-culottes (aprendizes de ofícios, assalariados, desempregados). Tinham este nome porque não usavam os calções curtos com meias típicos da nobreza.
O clero e a nobreza tinham vários privilégios: não pagavam impostos, recebiam pensões do estado e podiam exercer cargos públicos.
O povo tinha que arcar com todas as despesas do 1º e 2º estado. Com o passar do tempo e influenciados pelos ideais do Iluminismo, o 3º estado começou a se revoltar e a lutar pela igualdade de todos perante a lei. Pretendiam combater, dentre outras coisas, o absolutismo monárquico e os privilégios da nobreza e do clero.
 
Luís XVI
 

A economia francesa passava por uma crise, mais da metade da população trabalhava no campo, porém, vários fatores ( clima, secas e inundações), pioravam ainda mais a situação da agricultura fazendo com que os preços subissem, e nas cidades e no campo, a população sofria com a fome e a miséria. Além da agricultura, a indústria têxtil também passava por dificuldades por causa da concorrência com os tecidos ingleses que chegavam do mercado interno francês. Como consequência, vários trabalhadores ficaram desempregados e a sociedade teve o seu número de famintos e marginalizados elevados. Toda esta situação fazia com que a burguesia (ligada à manufatura e ao comércio) ficasse cada vez mais infeliz. A fim de contornar a crise, o Rei Luís XVI resolveu cobrar tributos ao povo (3º estado), em vez de fazer cobranças ao clero e a nobreza.
 
Sentindo que seus privilégios estavam ameaçados, o 1º e 2º estado se revoltaram e pressionaram o rei para convocar a Assembleia dos Estados Gerais que ajudaria a obrigar o povo a assumir os tributos.
OBS: A Assembleia dos Estados Gerais não se reunia há 175 anos. Era formada por integrantes dos três estados, porém, só era aceito um voto para cada estado, como clero e nobreza estavam sempre unidos, isso sempre somava dois votos contra um do povo. Essa atitude prejudicou a nobreza que não tinha consciência do poder do povo e também porque as eleições para escolha dos deputados ocorreram em um momento favorável aos objetivos do 3º estado, já que este vivia na miséria e o momento atual do país era de crise econômica, fome e desemprego.
 
Em maio de 1789, após a reunião da Assembleia no palácio de Versalhes, surgiu o conflito entre os privilegiados (clero e nobreza) e o povo. A Nobreza e o Clero, perceberam que o povo tinha mais deputados que os dois primeiros estados juntos, então, queria de qualquer jeito fazer valer o voto por ordem social. O povo (que levava vantagem) queria que o voto fosse individual.
Para que isso acontecesse, seria necessário uma alteração na constituição, mas a nobreza e o clero não concordavam com tal atitude. Esse impasse fez com que o 3º estado se revoltasse e saísse dos Estados Gerais.
 
Fora dos Estados Gerais, eles se reuniram e formaram a Assembleia Nacional Constituinte. O rei Luís XVI tentou reagir, mas o povo permanecia unido, tomando conta das ruas. O slogan dos revolucionários era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

 
Em 14 de julho de 1789 os parisienses invadiram e tomaram a Bastilha (prisão) que representava o poder absoluto do rei, já que era lá que ficavam os inimigos políticos dele. Esse episódio ficou conhecido como "A queda da Bastilha".
 
Queda da Bastilha
 
O rei já não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou algumas precauções para acalmar o povo que invadia, matava e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os camponeses foi abolido e os privilégios tributários do clero e da nobreza acabaram.
No dia 26 de agosto de 1789 a Assembleia Nacional Constituinte proclamou a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", cujos principais pontos eram:
 
- O respeito pela dignidade das pessoas;
- Liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei;
- Direito à propriedade individual;
- Direito de resistência à opressão política;
- Liberdade de pensamento e opinião.
 
 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
 
Em 1790, a Assembleia Constituinte reduziu o poder do clero confiscando diversas terras da Igreja e pôs o clero sob a autoridade do Estado. Essa medida foi feita através de um documento chamado “Constituição Civil do Clero”. Porém, o Papa não aceitou essa determinação.

 
Sobraram duas alternativas aos sacerdotes fiéis ao rei.
1ª) Sair da França;
2º) Lutar contra a revolução;
Muitos concordaram com essa lei para poder permanecer no país, mas os insatisfeitos fugiram da França e no exterior decidiram se unir e formar um exército para reagir à revolução.
Em 1791, foi concluída a constituição feita pelos membros da Assembleia Constituinte.
 
Principais tópicos dessa constituição
- Igualdade jurídica entre os indivíduos
- Fim dos privilégios do clero e nobreza
- Liberdade de produção e de comércio (sem a interferência do estado)
- Proibição de greves
- Liberdade de crença
- Separação do estado da Igreja
- Nacionalização dos bens do clero
- Três poderes criados (Legislativo, Executivo e Judiciário)
 
O rei Luís XVI não aceitou a perda do poder e passou a conspirar contra a revolução, para isso contatava nobres emigrados e monarcas da Áustria e Prússia (que também se sentiam ameaçados). O objetivo dos contrarrevolucionários era organizar um exército que invadisse a França e restabelecesse a monarquia absoluta. 
 
Em 1791, Luís XVI quis se unir aos contrarrevolucionários e fugiu da França, mas foi reconhecido, capturado, preso e mantido sob vigilância.
Em 1792, o exército austro-prussiano invadiu a França, mas foi derrotado pelas tropas francesas na Batalha de Valmy. Essa vitória deu nova força aos revolucionários franceses e tal fato levou os líderes da burguesia decidir proclamar a República (22 de setembro de 1792).
 
Com a proclamação, a Assembleia Constituinte foi substituída pela Convenção Nacional que tinha como uma das missões elaborar uma nova constituição para a França. Nessa época, as forças políticas que mais se destacavam eram as seguintes:

- Girondinos: alta burguesia
- Jacobinos: burguesia (pequena e média) e o proletariado de Paris. Eram radicais e defendiam os interesses do povo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, pregavam a condenação à morte do rei.
- Grupo da Planície: Apoiavam sempre quem estava no poder.
Mesmo com o apoio dos girondinos, Luís XVI foi julgado e guilhotinado em janeiro de 1793. A morte do rei trouxe uma série de problemas como revoltas internas e uma reorganização das forças absolutistas estrangeiras.
 
 
Maximilien de Robespierre
 
Foram criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário (responsável pela morte na guilhotina de muitas pessoas que eram consideradas traidoras da causa revolucionária). Esse período ficou conhecido como “Terror”, ou "Grande Medo", pois os não-jacobinos tinham medo de perder suas cabeças.
Começa uma ditadura jacobina, liderada por Robespierre. Durante seu governo, ele procurava equilibrar-se entre várias tendências políticas, umas mais identificadas com a alta burguesia e outras mais próximas das aspirações das camadas populares. Robespierre conseguiu algumas realizações significativas, principalmente no setor militar: o exército francês conseguiu repelir o ataque de forças estrangeiras.
 
Durante o governo dele vigorou a nova Constituição da República (1793) que assegurava ao povo:
- Direito ao voto;
- Direito de rebelião;
- Direito ao trabalho e a subsistência;
- Continha uma declaração de que o objetivo do governo era o bem comum e a felicidade de todos.
 
Quando as tensões decorrentes da ameaça estrangeira diminuíram, os girondinos e o grupo da planície uniram-se contra Robespierre que sem o apoio popular foi preso e guilhotinado em 1794.
 
Após a sua morte, a Convenção Nacional foi controlada por políticos que representavam os interesses da alta burguesia. Com nova orientação política, essa convenção decidiu elaborar outra constituição para a França.
 
A nova constituição estabelecia a continuidade do regime republicano que seria controlado pelo Diretório (1795 - 1799). Neste período houve várias tentativas para controlar o descontentamento popular e afirmar o controle político da burguesia sobre o país.
 
Durante este período, a França voltou a receber ameaças das nações absolutistas vizinhas agravando a situação.
Nessa época, Napoleão Bonaparte ganhou prestígio como militar e com o apoio da burguesia e do exército, provocou um golpe.
Em 10/11/1799, Napoleão dissolveu o diretório e estabeleceu um novo governo chamado Consulado. Esse episódio ficou conhecido como 18 Brumário.
 
Jacques-Louis David. A Coroação de Napoleão I e Imperatriz Josephine, 1806-1807.
 
Com isso ele consolidava as conquistas da burguesia dando um fim para a revolução.

Fontes:
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/


Atividade do A.P.E. Trimestral:
Faça uma análise do conteúdo sobre a Revolução Francesa e redija um comentário de, no mínimo, 15 linhas, ressaltando aspectos importantes das fases abaixo relacionadas:
 
- Fase do Antigo Regime (Ancien Regim) - grupos sociais que o compunham;
- Luís XVI - características de seu reinado;
- Primeira Fase da Revolução Francesa - Assembleia Nacional (1789-1792);
- Segunda Fase da Revolução Francesa - Convenção (1792-1795);
- Terceira Fase da Revolução Francesa - Diretório (1795-1799);
- Acolhimento de Napoleão Bonaparte por girondinos e jacobinos.

NÃO ESQUEÇA A SUA IDENTIFICAÇÃO;
NOME, SÉRIE E TURMA, COLÉGIO SER! SOROCABA.

O prazo para postagem da atividade vai até 15/05/13.
 
Bom Trabalho!!!
Prof.ª Marilia C. C. Coltri.