"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém [...]". (Carta do Apóstolo Paulo aos cristãos. Coríntios 6:12) Tudo posso, tudo quero, mas eu devo? Quero, mas não posso. Até posso, se burlar a regra; mas eu devo? Segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, ética é o conjunto de valores e princípios que [todos] usamos para definir as três grandes questões da vida, que são: QUERO, DEVO, POSSO. Tem coisas que eu quero, mas não posso. Tem coisas que eu posso, mas não devo. Tem coisas que eu devo, mas não quero. Cortella complementa "Quando temos paz de espírito? Temos paz de espírito quando aquilo que queremos é o que podemos e é o que devemos." (Cortella, 2009). Imagem Toscana, Itália.































terça-feira, 26 de outubro de 2010

Suemos todos!

Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/anarvoreluz/2196162895/>. Acesso em 15/08/12

 

Somos todos UM

"Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exercito, nenhum país. O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrario, só pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz." Krishnamurti

Marilia Carrenho Camillo Coltri

Certa vez, lendo um livro da pedagoga e filósofa carioca Tânia Zagury, marcou-me um trecho que socializo com vocês: ”São essas lutas que temos de travar com nossos filhos, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma para nos levar a ter filhos cidadãos, conscientes dos seus deveres e direitos (...)" Zagury. T. (2006).
Educar é uma das tarefas mais árduas que um ser humano pode empreitar. É preciso suar a camisa! Suar como pais e suar como educadores. A que persistirmos, perseverarmos e nunca desistirmos! Outro dia recebi um email que falava da importância de preservarmos o meio ambiente para as futuras gerações. Penso que, mais importante ainda que preservarmos o meio ambiente para as gerações futuras temos a hercúlea tarefa de formarmos uma geração melhor e mais ética, do ponto de vista moral, para habitar o planeta futuramente. É de pequeno que se torce o pepino, diz o conhecimento empírico popular. Não se sabe se na horticultura isso é uma regra, mas em educação o é. Ética se ensina desde pequeno. Parafraseando o economista Stephen Kanitz devemos definir a ética de nossos filhos antes das suas ambições.
Futuramente, quando estes forem colocados diante de suas escolhas, principiando o exercício do livre arbítrio, alicerçados por nós, deverão escolher pela opção mais ética, mesmo que essa malogre seus objetivos. Quando perceberem que não poderão alcançar seus objetivos e metas, tenderão a recuar em suas ambições e não reduzirão o seu rigor ético.
O que nos assusta é que muitas crianças e jovens, encorajados por seus pais, tendem a burlar a regra, fraudar o código de conduta ética contido no contrato de convivência social; para alcançarem seus objetivos, suas ambições.  Uma das grandes preocupações apresentadas pelos pais de hoje restringe-se ao fato de seus filhos não demonstrarem uma ambição razoavelmente exacerbada. Suas parcas aspirações não convencem seus pais de que serão adultos conjugadores do verbo “ter”.
Não devemos pressionar nossas crianças e jovens a serem ambiciosos, ou melhor, não devemos cobrá-los a demonstrarem suas ambições precocemente. O problema não está em ser ambicioso. Isso é positivo, na medida em que respeitamos o código de conduta ética do grupo social ao qual estamos inseridos. A questão está em definirmos a ética a priori das ambições. O desafio consiste em termos como nossa maior ambição, tornar mais éticas as novas gerações, começando por nossos filhos. E vale lembrar "a ambição nunca pode anteceder a ética. É ela que tem que preceder a ambição" Kanitz. S. (2001). Não deixemos nossos filhos à deriva, como barquinhos de papel em pleno oceano tempestuoso.


Bibliografia
ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record, 2006. p 48.
KANITZ, Stephen. et. al. Ambição e Ética. Revista Veja, São Paulo, 24 jan 2001. p. 21.