Somos todos UM
"Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exercito, nenhum país. O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrario, só pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz." Krishnamurti
Certa vez, lendo um livro da pedagoga e filósofa carioca Tânia Zagury, marcou-me um trecho que socializo com vocês: ”São essas lutas que temos de travar com nossos filhos, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma para nos levar a ter filhos cidadãos, conscientes dos seus deveres e direitos (...)" Zagury. T. (2006).
Educar é uma das tarefas mais árduas que um ser humano pode empreitar. É preciso suar a camisa! Suar como pais e suar como educadores. A que persistirmos, perseverarmos e nunca desistirmos! Outro dia recebi um email que falava da importância de preservarmos o meio ambiente para as futuras gerações. Penso que, mais importante ainda que preservarmos o meio ambiente para as gerações futuras temos a hercúlea tarefa de formarmos uma geração melhor e mais ética, do ponto de vista moral, para habitar o planeta futuramente. É de pequeno que se torce o pepino, diz o conhecimento empírico popular. Não se sabe se na horticultura isso é uma regra, mas em educação o é. Ética se ensina desde pequeno. Parafraseando o economista Stephen Kanitz devemos definir a ética de nossos filhos antes das suas ambições.
Futuramente, quando estes forem colocados diante de suas escolhas, principiando o exercício do livre arbítrio, alicerçados por nós, deverão escolher pela opção mais ética, mesmo que essa malogre seus objetivos. Quando perceberem que não poderão alcançar seus objetivos e metas, tenderão a recuar em suas ambições e não reduzirão o seu rigor ético.
O que nos assusta é que muitas crianças e jovens, encorajados por seus pais, tendem a burlar a regra, fraudar o código de conduta ética contido no contrato de convivência social; para alcançarem seus objetivos, suas ambições. Uma das grandes preocupações apresentadas pelos pais de hoje restringe-se ao fato de seus filhos não demonstrarem uma ambição razoavelmente exacerbada. Suas parcas aspirações não convencem seus pais de que serão adultos conjugadores do verbo “ter”.
Não devemos pressionar nossas crianças e jovens a serem ambiciosos, ou melhor, não devemos cobrá-los a demonstrarem suas ambições precocemente. O problema não está em ser ambicioso. Isso é positivo, na medida em que respeitamos o código de conduta ética do grupo social ao qual estamos inseridos. A questão está em definirmos a ética a priori das ambições. O desafio consiste em termos como nossa maior ambição, tornar mais éticas as novas gerações, começando por nossos filhos. E vale lembrar "a ambição nunca pode anteceder a ética. É ela que tem que preceder a ambição" Kanitz. S. (2001). Não deixemos nossos filhos à deriva, como barquinhos de papel em pleno oceano tempestuoso.
Bibliografia
ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record, 2006. p 48.
KANITZ, Stephen. et. al. Ambição e Ética. Revista Veja, São Paulo, 24 jan 2001. p. 21.